Tatiana Félix
Jornalista da Adital
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) revelou, no ano passado, os índices sobre maus tratos e violência contra crianças e adolescentes paraguaios, através do "Estudo sobre maltrato infantil no âmbito familiar – Paraguai". A pesquisa realizada em 2009, em 12 departamentos do país, avaliou a dimensão real do problema, os principais motivos, manifestações e consequências deste tipo de violência, e deve contribuir para a criação de políticas públicas e estratégias de prevenção e apoio às vítimas.
O Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) revelou, no ano passado, os índices sobre maus tratos e violência contra crianças e adolescentes paraguaios, através do "Estudo sobre maltrato infantil no âmbito familiar – Paraguai". A pesquisa realizada em 2009, em 12 departamentos do país, avaliou a dimensão real do problema, os principais motivos, manifestações e consequências deste tipo de violência, e deve contribuir para a criação de políticas públicas e estratégias de prevenção e apoio às vítimas.
De acordo com o estudo, o lar deveria ser o local de abrigo e proteção para crianças e adolescentes, mas, com frequência se transforma em um espaço de violação de direitos. Prova disso é que 61% das crianças e adolescentes, entrevistados pelo Unicef, disseram ter sido vítimas de algum tipo de maltrato por parte de seus familiares mais próximos.
35% dos menores afirmaram terem sido vítimas de violência física grave, enquanto 13% foram vítimas de violência física leve. Outros 13% dos entrevistados relataram ter sofrido violência psicológica, como insultos, ameaças de abandono e outros. Segundo a pesquisa, mais da metade das crianças e adolescentes entrevistadas (52%) relataram que começaram a sofrer maltrato entre os 3 e 5 anos de idade.
O Unicef observou também que os pais e mães que mais maltratam seus filhos são aqueles que têm um nível mais baixo de escolaridade, e que quanto maior o nível acadêmico, menor é o nível de violência contra os filhos e filhas. A diferença no índice entre pais e mães universitários e os pais e mães sem formação escolar, que maltratam seus filhos, varia cerca de 30%.
Também foi observado que os casais que se agridem são os que mais empregam algum tipo de maltrato contra seus filhos e filhas. Desta forma cria-se um clima de hostilidade familiar propício à violência. Foi constatado ainda que as mulheres deixam de maltratar seus filhos e filhas à medidas que estes crescem, enquanto os homens continuam castigando seus descendentes ao longo do tempo.
O estudo também revela uma variante em relação ao sexo. De acordo com os dados coletados, os meninos sofrem mais maus tratos físicos graves do que as meninas, enquanto as meninas sofrem mais maus tratos psicológicos do que os rapazes. A pesquisa afirma que o maltrato infantil é uma prática cultural presente em todas as classes sociais.
Apesar de ser um ato de violência, 53,4% das crianças e adolescentes entrevistados consideram que o castigo físico é útil para sua própria formação. Eles relataram que são castigados por desobedecerem seus pais, por faltarem com respeito ou por fazerem ‘coisas proibidas'.
Por isso, eles consideram normal que seus progenitores os castiguem. Segundo a pesquisa, a maioria dos entrevistados classificou a relação com seus pais como boa ou muito boa, e apenas 2,7% das crianças e adolescentes maltratadas denunciaram a violência sofrida para algum órgão responsável.
De acordo com o estudo, isso indica que existe uma relação estreita entre a naturalização da violência, o desconhecimento dos direitos e das instâncias de denúncia. Além disso, denunciar uma pessoa próxima, com a qual possui laços afetivos, é difícil para os menores, avalia a pesquisa.
"Esta justificação do maltrato ou naturalização da violência leva à aceitação desta forma de relacionamento e a sua reprodução. A aprendizagem sobre a paz ou sobre a violência não é um processo teórico, senão vivencial. Os significados sobre amor, solidariedade, respeito e empatia se aprendem nos vínculos mais próximos", analisa o estudo.
A conseqüência dos maus tratos, sobretudo físicos, é uma realidade na vida das vítimas. É comum detectar mal-estar emocional, transtornos variados e dificuldades nas relações interpessoais, nas pessoas que são ou foram vítimas de maus tratos infantis. "Nenhuma forma de violência contra as crianças é justificável e toda a violência é evitável”, ressalta o estudo.
América Latina
Pesquisas indicam que a América Latina e o Caribe, com uma população de mais de 190 milhões de crianças, é uma das regiões que apresenta os maiores índices de violência, afetando, principalmente, mulheres e crianças. No continente, a violência contra os menores de idade acontece dentro da família, através de castigo físico, como uma forma de disciplina, abuso sexual, ou abandono e exploração econômica.
Para ler a pesquisa na íntegra, acesse: http://www.unicef.org/paraguay/spanish/py_resources_informeviolenciapy.pdf
Fonte: http://www.adital.com.br/
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