Lágrimas não são suficientes: seguimos em luta contra as agressões racistas, lesbofóbicas e machistas!
Em três dias, duas agressões lesbofóbicas foram noticiadas em Brasília,
Distrito Federal. Certamente, muitas outras também ocorreram aqui e
noutros cantos do país, mas permaneceram invisíveis.
No Setor Comercial Sul, na última terça-feira (25/02/2014), no horário de
almoço, um machista espancou duas mulheres lésbicas até uma ficar
inconsciente. (http://migre.me/i55OP).
Uma delas teve o braço quebrado e passou por cirurgia. O agressor
trabalha no Hospital de Base, exatamente ao lado do local onde aconteceu
a agressão. Foi preso, o que nem de longe resolve o problema. O que nos
choca, ainda mais que a violência, é a falta de reação ou solidariedade
de todas as pessoas que assistiam ao crime, num dos locais mais
movimentados da cidade.
Ao final do samba da última quinta-feira (27) no Balaio Café - um dos
poucos lugares de resistência, encontro e celebração da vida em nossa
cidade, onde diversos grupos se sentem seguros - dois casais de mulheres
foram agredidos com chutes, socos e xingamentos. Em agressões racistas e
lesbofóbicas, os machistas gritavam “sua neguinha, puta” às mulheres (http://migre.me/i55SP).
A violência vivenciada no estabelecimento foi intensificada na própria
Delegacia de Atendimento Especializado à Mulher (DEAM), quando os pais
de uma das garotas agrediram verbalmente a namorada da filha por ser
negra e lésbica - a “pior companhia e pessoa sem alma”! As garotas
convivem com a lesbofobia em suas próprias casas! Uma delas teve sérios
ferimentos na cabeça e passa por exames para descartar a hipótese de
hemorragia intracraniana.
Muitas vezes, as agressões acontecem em locais públicos e de bastante
movimento. Ainda assim, na maioria dos casos ninguém que presencia a
violência é capaz de reagir, de inibir o agressor ou se mobilizar com
outras pessoas para impedir tamanha brutalidade. No Rio de Janeiro, no
dia 14 de fevereiro, um casal de lésbicas foi agredido no meio da Lapa
sem qualquer reação das pessoas que por ali passavam (http://migre.me/i57me).
E, assim, a sociedade se omite! As violências continuam sendo
naturalizadas! As vozes de quem apanha e sofre permanecem caladas.
Numa sociedade em que pessoas se sentem no direito de supostamente fazer justiça com as próprias mãos e de externalizar toda forma de
intolerância, com ódio de classe, de gênero e de raça, o crescimento da
violência assusta. Dói, literalmente. Afunda crânios, acorrenta braços,
espanca ao limite em plena luz do dia. Cotidiamente, agressões racistas,
lesbofóbicas e machistas são invisibilizadas, menosprezadas e
naturalizadas. Enquanto agridem e matam pessoas, enquanto a sociedade se
acomoda indiferente aos nossos sofrimentos, nós carregamos as dores das
agressões. Nós morremos!
Não mais! A rua é de todas! Deve ser livre para a demonstração de afetos,
para a vivência das liberdades! A heteronormatividade e os
fundamentalismos nunca nos impedirão de sentir, de desejar, de amar!
Seguimos lutando para que a violência homo-lesbo-transfóbica JAMAIS nos
impeça de demonstrar e expressar o que há de mais bonito, onde bem
quisermos! Vamos trocar carícias, dividir segredos ao pé do ouvido,
curtir músicas abraçadas, nos beijar! E vamos ocupar as ruas e os
espaços com nossos corpos e comportamentos ~anormais~. Que violências e
opressões não mais nos silenciem ou nos invisibilizem!
Nossa luta é todo dia! E, especialmente no mês de março, mês simbólico da
luta pelos direitos das mulheres, precisamos nos unir e nos fortalecer.
Gritar mais alto, sambar na cara do machismo, do racismo e da
homo-lesbo-transfobia. Se carnaval é época de ser quem quisermos, que
sejamos livres. Vamos construir a II Virada Feminista do Distrito
Federal e dizer não a toda forma de opressão. Junte-se a nós!
Mulheres, vamos reagir! Não fiquemos caladas ou omissas quando a violência
acontecer ao seu lado! Juntas somos muito mais fortes, mexeu com uma,
mexeu com todas!
Brasília - DF, 28 de fevereiro de 2014!
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