sábado, 20 de novembro de 2010

Zumbi, rebelde!


Dia da Consciência Negra marca a luta pela igualdade entre brancos e negros

No ano de 1695, com a destruição do Quilombo dos Palmares, Zumbi, liderança da luta contra a escravidão nos sertões brasileiros, foi morto e decapitado. Zumbi manteve o enfrentamento aos senhores coloniais até as últimas forças. Antes dele, Ganga Zumba teve a atitude ingênua de firmar um pacto com os donos de escravos, foi enganado e o seu povo novamente tornado escravo.

Zumbi ousou resistir, mesmo diante da supremacia do inimigo. O líder negro uniu diversos mocambos e reforçou a guerra contra a poderosa força do governo da antiga Capitania de Pernambuco. Com esta decisão, deixando a de lado a guerra de guerrilhas e fortalecendo o exército de Palmares, os negros viveram um grande período de liberdade, sem escravidão. Aos poucos, formou-se uma identidade quilombola, que resultou em práticas sociais avançadas, permitindo até mesmo a vivência com brancos excluídos e índios perseguidos.

Zumbi caiu juntamente com o Quilombo dos Palmares. Mas a abolição da escravatura, anos atrás, assim como as ações para eliminar o racismo na sociedade brasileiro, nos dias de hoje, reverenciam o legado de rebeldia e ousadia deixado por Zumbi.

Por esse motivo, o Dia da Consciência Negra, comemorado em 20 de novembro, tem ganhado vitalidade a cada ano. Já são mais de duzentas cidades brasileiras que instituíram feriado municipal nesta data. Em todos os cantos do Brasil, são organizados debates, manifestações e atividades culturais.

Além de celebrar Zumbi e o Quilombo dos Palmares, o Dia da Consciência Negra é um chamado a toda a população, no sentido da construção de uma sociedade democrática e sem distinção em função da cor da pela e sem diferenças sociais.

Hoje, a população negra tem somado conquistas importantes, mas os desafios ainda são muitos, pois as estatísticas oficiais ainda refletem desigualdades entre negros e brancos.

De acordo com dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), colhidos do Censo 2000, o país possuía naquele ano uma população de 170 milhões de habitantes, dos quais 91 milhões se classificaram como brancos (53,7%), 65 milhões como pardos (38,4%), 10 milhões como pretos (6,2%), 761 mil como amarelos (0,4%) e 734 mil como indígenas (0,4%). Atualmente, o IBGE estima que a população negra brasileira corresponda a 51,3% da população total.

O rendimento médio mensal da população de brancos (R$ 812,00), em 2000, era quase o dobro do de pretos e pardos (R$ 409,00). Comparando o valor da hora de trabalho, brancos recebem R$ 5,00 e os pretos e pardos R$ 2,60 por hora trabalhada.

Mesmo tendo melhorado a condição quanto à escolarização formal, com diminuição do analfabetismo entre os negros, independentemente da quantidade de anos de estudo, os negros e pardos recebem muito menos que os brancos.

O IBGE calcula que para eliminar as desigualdades herdadas por 400 anos de escravidão, seriam necessários vinte anos de ações afirmativas, sem interrupção.

Ainda vale lembrar que entre o percentual de 1% de brasileiros mais ricos, 86% eram brancos, enquanto entre os 10% mais pobres, 65% são negros e pardos.

Ainda conforme pesquisa recente do Instituto Ethos/Ibope, a proporção de negros no quadro funcional das 500 maiores empresas do país cresceu de 25,1% para 31,1% entre 2007 e 2007. Entretanto, segundo a pesquisa, o perfil das empresas nos cargos de direção e gerência continua quase que 100% branco: diretores brancos representam 93,3%, e em cargos de gerência e supervisão a presença negra é de 13,2% e 25,6%, respectivamente.

Neste dia de consciência e luta, é preciso lembrar Zumbi e seguir adiante, perseguindo o sonho de uma sociedade de liberdade e justa para todos os brasileiros.

O DIA – Em 20 de novembro de 1695, Zumbi dos Palmares era morto após ser vitima de uma emboscada, na Serra Dois Irmãos, em Pernambuco. A data, conquista do movimento negro brasileiro, passou a marcar a luta pela igualdade racial, em contraposição a datas que ajudam a reforçar o mito de que não existe racismo no país e as conquistas desta população ocorrem somente pela generosidade das classes dominantes.

Celebrado desde a década de 1960, foi com a Lei nº 10.639, de 2003, que o dia passou a integrar o calendário escolar, além de instituir a obrigatoriedade do ensino sobre a história e a cultura afro-brasileira. Diversos municípios decretaram feriado local, neste dia.

Atualmente, tramita no Senado Federal proposta de tornar o Dia da Consciência Negra como feriado nacional.

A AÇÃO – Em Foz do Iguaçu, o Dia da Consciência Negra irá acontecer no Teatro Barracão, no domingo, dia 21, a partir das 19 horas. Além de debates, o movimento negro iguaçuense organizou diversas apresentações abordando a cultura negra, entre danças, músicas e literatura.


Leia o artigo Sou negro!, do site ADITAL.

Nenhum comentário:

Postar um comentário